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Arquitetos: Gabriel Bendersky , JBA, Richard von Moltke
- Área: 10218 m²
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Fotografias:Aryeh Kornfeld
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Comunidade Judaica de Santiago que operou por quase cinquenta anos na Grande Sinagoga na Rua Serrano no sul da cidade, decide mudar sua sede para o zona oeste, abrigando uma comunidade maior do que a anterior, com atividades social e culturais além daquelas ligadas à religião. A missão não apenas consistiu combinar um programa híbrido de diferente tipo e tamanho, categoria e uso, mas também pediu uma alta cota de simbolismo à promenade e à experiência espacial.
O terreno, com 6038,7 m², possui uma importante massa verde de árvores antigas de nogueiras e castanheiras e com vistas impressionantes para a cadeia de montanhas dos Andes ao sul.
O partido aposta em agrupar peças programáticas em distintos edifícios, categorizando assim os diferentes usos e impondo ordens e hierarquias temáticas dentro de um mesmo conjunto espacial. Se constrói então uma composição com base em volumes salientes e depressões que determinam um vazio essencial: um núcleo central capaz de articular e mediar as aproximações e as perspectivas. Nele está uma escultura de concreto armado estrategicamente colocada nos eixos visuais. A escultura é uma abstração da Menora, (candelabro de sete velas), símbolo ritual mais importante no judaísmo.
Um primeiro edifício, de culto, descansa sobre um grande espelho d'água de cinquenta por cinquenta metros, abrigando uma sinagoga principal com capacidade para oitocentas pessoas e ainda uma sinagoga menor, para usos diários. Estes são volumes arredondados, com revestimentos de diferentes madeiras, rotacionadas em 4º, procurando a exata orientação em direção à Jerusalém, são formalmente ligadas por uma terceira identidade espacial que as conecta: uma estrutura de concreto aparente com aberturas que emolduram certas vistas para a cordilheira. Sob o plano do espelho d'água, acessos discretos do exterior e do interior está uma Mikve, um recinto destinado à rituais de banhos de purificação.
A água representa um papel fundamental no simbolismo judio, significa 'vida' e é usada como um elemento arquitetônico que atua como suporte das atividades religiosas, destacando-as das outras ao mesmo tempo enobrece e destaca o edifício oculto.
Um segundo volume, denominado de edifício da cultura, reúne os usos comunitários: biblioteca, cafeteria, salas de aulas e oficinas administrativas. É um volume alongado de 111 metros de largura em um dos limites do terreno, configurando uma nova borda. Uma das pontas deste edifício concentra os fluxos de acesso, é uma praça coberta que comemora as doze tribos de Israel, através de doze pilares metálicos posicionados de acordo com a distribuição histórica dos territórios, mapeados como pavimentos da mesma praça;
Um Centro de Eventos com salões multiuso e equipamento de apoio, está num subsolo num edifício sem presença volumétrica mas sim simbólica, a superfície superior desta atividade programática se constitui como uma grande praça de cerimônias, o epicentro de articulação espacial de todo o complexo.
O edifício de estacionamentos com capacidade para 224 carros, virtualmente desaparece por sob uma grande laje jardim com um gramado que permite as mais variadas atividades de lazer e jogos, mas simultaneamente permite configurar um vazio silencioso que destaca os volumes significantes do projeto.